- Name: Zeca O pêlo do ovo
- Surname: O Nó da Cana
- Location: Brasil além
- About Me: Bom dia. Aliás, boa noite, ou boa tarde, já não sei. Essa atemporalidade nós ganhamos com a internet. Há quem não goste, não sei, eu acho divertido. De qualquer forma, já é realidade. E eu vi isso evoluir. Do papel às telas, tenho o privilégio de dizer: estive lá. Acompanhei de perto o gênesis dos grandes veículos midiáticos brasileiros, quiçá mundiais, e os vi engatinhar, dar os primeiros passos, até o que são hoje. Inclusive, “atemporalidade”, examinando melhor, não é o termo exato. A notícia, quanto mais eterna, mais necessidade ela tem de ser rápida e de consumo imediato. Vice-versa.
Veja bem: a era dos gatekeepers – primórdio nos jornais, eles decidiam literalmente o que era ou não de interesse público, e “selecionavam” a notícia nossa de cada dia – já se foi. O passo dos jornais hoje é diferente. Mal o fato acabou de acontecer, já a mão nervosa do jornalista o transforma em notícia. Tudo que é coberto está, aproximadamente, a dois cliques de ser publicado. A demanda das ruas é vertiginosa. Se o povo recebe a notícia, praticamente, ao vivo, o intervalo para refletir sobre seus efeitos seria ou, ao menos, deveria ser maior. A questão é: alguém tem que refletir, mas quem? O povo, certamente, seria a resposta mais sábia. Mas incompleta. A notícia, por si só, não provoca ao povo a gana de reflexão. O próprio jornalista, o próprio jornal, também tem que refletir sobre o fato e dar ao povo ponto de partida. A esse processo dá-se o nome de autofagia, ou retroalimentação, isto é, contar por contar é bom, mas uma outra necessidade surge: contar e recontar. Dar nome aos bois, expandir o quadro, dar a ele bordas, discurso, pensamento. A notícia fala? Não somente: ela também pensa. E o que ela pensa?
Refletir, examinar, perscrutar o pensamento que emana naturalmente da notícia. O cheiro, o rastro dela. Eis-me aqui. Todos convidados.
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